sábado, 16 de abril de 2011

Luís de Camões

Amor, que o gesto humano na alma escreve

Amor, que o gesto humano na alma escreve,

Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.

A vista, que em si mesma não se atreve,

Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.

Jura Amor que brandura de vontade

Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoidece, se cuida que é verdade.

Olhai como Amor gera, num momento

De lágrimas de honesta piedade,
Lágrimas de imortal contentamento.

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